Abertura na arte contemporânea

When the sun goes down by Salou

A arte contemporânea rompe com qualquer tipo de barreiras limitativas, de rigidez, de imutabilidade, de determinismo da obra de arte. São contrariados os hábitos interpretativos do público, que passa, então, a ser convidado, durante a fruição do objecto artístico, a uma descoberta activa de sentidos, de interpretações, de significados possíveis, a um descortinar de ambiguidades. A obra de arte é agora vista como um universo de sentidos, uma vez que a ambiguidade da mensagem estética apenas sugere, não determina.

Umberto Eco introduziu, a propósito das poéticas contemporâneas (literatura, música e artes plásticas) a ideia de abertura e indeterminismo como traços definidores, já que cada obra possibilita inúmeras conjecturas interpretativas, desafiando o fruidor à construção de sentidos, tantos quantos o do próprio mundo. O público, chamemos-lhe assim, vê-se, deste modo, confrontado com a aventura da atribuição de significados possíveis a um determinado objecto artístico, recebendo-o como seu, entendendo-o de forma singular, diferente de pessoa para pessoa. O processo de interpretação individual dependerá das experiências vivenciais do sujeito, das suas expectativas, dos seus interesses, da sua cultura, do contexto, do seu mundo.

As obras abertas sugerem e solicitam, ao público, não só envolvimento emotivo, mas também abertura intelectual para que este possa intervir no seu processo de criação e recriação, ou interpretação e reinterpretação. O papel e a contribuição interpretativa do público são, pois, fundamentais na construção “final” do objecto artístico, fluido e indefinido por natureza, mas onde o artista deixa, através da sua linguagem,  marcas que sugerem sentidos, interpretações, caminhos…apenas isso.

When the sun goes down

Sobre Salou

Sara Loureiro (SALOU) segue um caminho que reconhece que é o Seu: o da aprendizagem e busca constantes.
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2 respostas a Abertura na arte contemporânea

  1. DAlmeida diz:

    E como poderemos nós interpretar a ilustração deste texto, amiga Salou? Haverá um sol oculto à matéria? Ou um sol metamórfico, apartando-se no seu plexo solar?…

  2. Salou diz:

    Bom, a interpretação, essa, terá que ser sua, quiçá diferente da de outros que se dispuserem a conjecturas interpretativas sobre o dito trabalho. É a SUA singularidade interpretativa que me interessa e não a “verdade”, se é que há uma verdade… Porém, julgo que algumas das marcas patentes neste trabalho poderão ser sugestões de leitura, nomeadamente a fragmentação do astro rei, o “descolamento” que se verifica, a desconstrução a que você chama metamorfose, o sol que dá e que usurpa a vida, que nos permite ver, mas que também nos ofusca… o próprio jogo de cores, transparências e opacidades são caminhos que podemos percorrer de maneiras diferentes e todas válidas. Obg e abr. Salou

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